Um duelo de violas marcou uma bela cena entre pai e filho na novela “Pantanal”. A sequência mostra Gabriel Sater, que interpreta o peão Trindade, e o pai, Almir Sater, o chaneleiro Eugênio, mostrando o talento no dedilhar da viola.
Ao final do duelo, Eugênio aprova Trindade e diz que José Leôncio pode contratá-lo.
“Dividir as cenas com meu pai com certeza é um dos momentos mais especiais da novela ,e representando um papel que um dia foi dele! Forte emoção e grande responsabilidade”, afirmou Gabriel em uma postagem no Instagram.
Gabriel assumiu na novela o papel que foi do pai na versão original de “Pantanal”, há 32 anos.
Ele contou que reviu toda a novela no YouTube antes de ser confirmado como Trindade. E ainda afirmou que, ao fazer o teste, não revelou imediatamente ao pai, mas sondou Almir para saber mais sobre o personagem e algumas questões da novela “pra entender como é que ele trabalhou, como é que ele pensou”.
“Depois de um tempo, ele mesmo me aconselhou um caminho novo. Um caminho muito mais voltado para a visão que o Bruno [Luperi, autor do remake] tinha conversado comigo.”
“Então é um Trindade com novas cores, uma luz um pouco diferente. Mas claro, não tinha como não consultá-lo e bebi muito do Trindade dele pra compor o meu próprio.”
No remake de “Pantanal”, Gabriel Sater será Trindade, papel que foi do pai na versão original. Almir Sater retorna para o projeto no papel de Eugênio — Foto: Globo/João Miguel Júnior
O dia 28 de março foi de muitas novidades e conexões familiares para Gabriel Sater. A data marcou a estreia do remake de “Pantanal”. E, no mesmo dia, o cantor e músico também lançou o primeiro single de seu novo álbum, produzido durante a pandemia. A faixa “Tigre do Rio” integra o disco “Erva Doce” e é uma homenagem a Fuad Sater, avô de Gabriel.
“É uma música muito especial para mim porque é uma música instrumental que compus em homenagem ao meu avô Sater, pai do meu pai, Almir. Então o momento muito especial de aproveitar o lançamento da novela para lançar também essa música e dar o pontapé inicial do disco”, contou Gabriel em entrevista ao g1.
No bate-papo, Gabriel contou também que, apesar da pouca idade, não perdia um capítulo da versão original de “Pantanal”. Ele tinha 9 anos na época.
“Eu amava a novela, esperava todos os dias para assistir. Minha mãe achava que era tarde, mas eu não conseguia não assistir, então ela deixava. E ainda tive a alegria de poder conviver no set de filmagens naquele momento. Foi muito especial para minha infância poder conviver com meu pai, com seus amigos ali no set.”
O ator ainda recordou que fez uma pequena participação como o coroinha do casamento no último capítulo da versão original de “Pantanal”.
Gabriel também mostrou não se importar com as comparações com o pai, que devem ressurgir e não são uma novidade na vida de Gabriel, já que ambos são cantores, compositores, musicistas, violeiros e atores.
“É supernatural porque é o mesmo personagem, né? Mas esse tipo de energia não gasto mais porque não tem como controlar a opinião de cada um.”
“O que eu posso fazer e controlar é me dedicar ao máximo, dar meu sangue, minha saúde, dar meu empenho. Sei que eu tô fazendo o máximo que eu posso por esse personagem.”
O ator e músico também afirmou que está muito feliz com a conquista do papel e diz que a fase na carreira é especial.
“Sem dúvida foi o personagem que eu mais quis quando eu fiz um teste. Que eu mais pulsei para fazer, sabe assim, aquela energia positiva diária.”
“Pra mim, era muito importante fazer o Trindade. Primeiro por essa ligação do meu pai ter feito, por ter crescido vendo meu pai fazendo esse personagem, pela minha ligação com o Pantanal. Então essas comparações com ele em nenhum momento me incomodaram ou vão incomodar.”
Gabriel Sater com o pai e o irmão fazendo uma violada no Pantanal na fazenda Primavera — Foto: Arquivo Pessoal
Gabriel também falou sobre o retorno para casa, já que a fazenda de Almir Sater foi usada como base para as gravações da primeira fase da novela. Almir, aliás, retorna ao clássico, desta vez, no papel do chalaneiro Eugênio.
Desde 1991, Gabriel costumava passar as férias com o pai no local.
“Pais separados, morava em Campo Grande, estudava em escola formal, então o tempo que eu tinha livre, de férias, meu pai tinha as férias dele também. Então ficava lá dois, três meses.”
“Então é retornar para esse ambiente de infância, de adolescência. Agora, com um momento muito diferenciado porque é voltado para o trabalho.”
Gabriel foi para a fazenda do pai 40 dias antes do início das gravações e aproveitou o período para um laboratório para Trindade.
“Fiquei com os peões, dormi no galpão, andando a cavalo, acordando 5 da manhã pra ver o nascer do sol, receber aquela energia pra começar a de fato trazer essa calma que o Trindade tem para minha vida também que foi tão importante.”
Nesse período, também aproveitou ao lado do pai.
“A gente ficava tocando, continuei as pesquisas com meu pai, tinha muitas cenas para estudar, então estudava com ele, ele estudava comigo. Foi um momento também de reconexão de convivência com meu pai. Foi muito bonito esse momento.”
Gabriel Sater, Almir Sater e José Loreto nos bastidores da gravação de “Pantanal” — Foto: Arquivo Pessoal