Além de espinha: chip da beleza usado por Flay traz outros riscos à saúde – VivaBem

A ex-BBB Flayslane mostrou aos fãs que seu rosto ficou cheio de espinhas após ela usar de um chip hormonal, conhecido como “chip da beleza”. Flay respondeu um fã que a questionou se era verdade que o chip lhe causou muitas espinhas.

“Muita espinha? Destruiu minha pele. Agora não tem mais espinhas, estão só algumas manchinhas e estou tratando. Agora o efeito do chip acabou, graças a Deus. Nunca tive espinhas no rosto na minha vida inteira, nunca! Tive nas costas na puberdade, no rosto nunca”, disse.

Mas, embora chamado de “chip”, na verdade, ele é um tubinho de silicone de cerca de 3 cm inserido no subcutâneo (gordura abaixo da pele) que libera diariamente hormônios no sangue.

Esse implante hormonal é geralmente divulgado com um pacote sedutor de benefícios: perder gordura corporal, aumentar a libido, definir a musculatura, disfarçar celulites, interromper a menstruação, entre outras vantagens. Por isso seu uso é, no mínimo, tentador, não é mesmo?

"chip da beleza" - iStock - iStock

“chip da beleza”

Imagem: iStock

Mas, então, por que não usar?

De acordo com Fernanda Victor, médica endocrinologista e colunista de VivaBem, o principal composto desses “chips” é a gestrinona, um hormônio sintético derivado da 19-nortestosterona que apresenta efeito androgênico e com potencial de aumentar os níveis de testosterona (hormônio masculino) no corpo da mulher.

Em virtude dessa ação, a gestrinona é reconhecida internacionalmente como anabolizante e encontra-se na lista de substâncias proibidas no esporte pela Wada (da sigla em inglês Agência Mundial Anti-Doping), embora ainda não conste na lista atualizada (C5) da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

“A grande questão é que o uso (e abuso!) dessa substância, isoladamente ou em associação a outros hormônios, não está isento de riscos, que nem sempre são esclarecidos ao paciente”, alerta a médica.

Os principais efeitos indesejáveis observados são: acne, queda de cabelo, aumento da oleosidade na pele, excesso de pelos no corpo, alterações no colesterol, mudança no timbre da voz, aumento do clitóris, entre outros danos, alguns deles até irreversíveis, segundo a médica.

Um ponto importante que também vale ser mencionado é que a gestrinona não é produzida pela indústria farmacêutica brasileira e nem comercializada em drogarias comuns, por isso uma outra preocupação reside no fato desses implantes serem fabricados em farmácias de manipulação, algumas vezes sem a garantia de um rigoroso controle de qualidade e/ou sem informações claras das substâncias e doses contidas na formulação.

Considerando a escassez de estudos e de comprovação de segurança, bem como a não regulamentação pela Anvisa, o implante de gestrinona também não é uma opção terapêutica reconhecida e recomendada pela Endocrine Society (Sociedade de Endocrinologia Americana), pela North American Menopause Society (Sociedade Americana de Menopausa – NAMS) e pela Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

“Até o momento, não há estudos robustos que comprovem a segurança e eficácia dessas medicações a longo prazo. Além disso, não há padronização nas formulações, já que são apresentações customizadas sob a forma de manipulados, o que dificulta determinar a dose ideal para cada pessoa, bem como aumenta o risco de superdosagem”, explica Victor.

A especialista ressalta também que qualquer terapia envolvendo hormônios requer uma avaliação criteriosa e individualizada, levando em consideração a condição de saúde e as características de cada paciente. Portanto, um adequado acompanhamento médico especializado é fundamental.

“Esteja sempre alerta! Apesar de ser tentadora a ideia de inserir um ‘chip’ que garanta uma silhueta perfeita, será mesmo que compensa colocar a estética acima da sua saúde?”, questiona a médica endocrinologista.

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