Se existisse “prova do terceiro disco”, seria fácil afirmar: Harry Styles passou sem fazer muito esforço.
O cantor inglês de 28 anos, ex-integrante do One Direction, mostra seu inegável carisma e canções com um ar retrô delicinha em “Harry’s House”.
Desde o primeiro classudo álbum, Harry já havia indicado que sabe o que quer. Ele quer brincar com clichês, grooves, baladas poderosas e sons dançantes que os pais dele ouviam no walkman.
Capa do álbum ‘Harry’s House’, de Harry Style’ — Foto: Divulgação
No segundo álbum, “Fine Line” (2019), cantou uma espécie de rock clássico kids. Trouxe influências do rock dos anos 60 e 70 para um público que poderia pensar que rock clássico era Strokes ou Imagine Dragons. No máximo, Bon Jovi.
Nomes como Fleatwood Mac e David Bowie ainda seguem influenciando o cantor, mas ele expande ainda mais a playlist de sons na qual se inspira.
LEMBRA DA VINDA AO BRASIL? – Harry Styles fez show em SP com pose de Fábio Jr. mirim
Foi emulando A-ha (“As it was”) e Rod Stewart (“Grapejuice”, com o baixista Rob Harris, do Jamiroquai) que Styles chegou ao topo das paradas. Ao topo do cartaz do Coachella. E ao topo de uma fictícia lista que leva em conta o que pensam fandoms e o que pensa a crítica.
O começo é com a funkeada “Music for a sushi restaurant”. Se essa levada grave e pesada com esse backing vocal só no “papapapa” realmente tocasse em um restaurante japonês, os clientes trocariam o nigiri por uma coreografia disco.
Coautor de todas as 13 músicas do álbum, Harry enche a voz de efeitos em “Little Freaks”, misto de balada de luau, canção de ninar e carta de desculpas.
A música tem uma das letras mais diretas e pessoais do álbum, na qual o cantor tenta exercer o desapego. “Eu não estou preocupado em saber onde você está / Ou com quem você vai voltar para casa / Eu só estou pensando em você”.
Em “Keep Driving”, Harry descreve paisagens e o que sente, na melhor letra do álbum. Ele vai dirigindo e citando o que há na paisagem e na própria cabeça.
Talvez falte na casinha de Harry mais letras sinceras e específicas como essas duas. Em “Cinema”, por exemplo, um arranjo grooveado e com bons vocais entrega uma letra que gira em torno de uma única sacada: “Você tem o cinema, você é cinema”.
Seria como se eu ficasse só dizendo “Harry, você tem música em você. Harry você é a música”. Claro que ele é muito mais do que isso.